Aluno(a) de Licenciatura que já fez bacharelado deve fazer a monografia novamente?

segunda-feira, 31 de maio de 2010

Projeto Resenhas - Cadernos de Campos

A Cadernos de Campo – revista dos alunos de pós-graduação em antropologia social da USP (ISSN 0104-5679) possui uma seção inteiramente dedicada às resenhas de livros.
Foi para estimular a produção de textos desse gênero que a comissão editorial resolveu criar o Projeto Resenhas, agora em sua terceira edição.
Resenhas de livros geram conhecimento. Ao escrever sobre as novidades publicadas pelas editoras, além da divulgação, pesquisadores-escritores produzem interpretações sobre essas obras. Desse modo, contribuem para a circulação de saberes nos meios literário, artístico, acadêmico e midiático, que talvez não fossem acessíveis ao público leitor de outra forma. Mais ainda, o conhecimento é gerado não só pela feitura e circulação de resenhas, mas por sua utilização em trabalhos científicos e por seu papel decisivo na adoção de livros por docentes nos cursos de graduação e pós-graduação.
Solicitamos a diversas editoras que nos enviassem obras de antropologia publicadas recentemente, listadas abaixo. Estas obras serão enviadas a quem se candidatar a escrever uma resenha sobre elas.
A pessoa que se candidatar a resenhar um dos livros ficará com o livro para si, mas deve estar ciente de que:
a) O envio do livro está condicionado à assinatura de um termo pelo qual a pessoa se compromete a enviar uma resenha até o dia 09 de agosto de 2010;
b) O recebimento da resenha pela Cadernos de Campo não implica a publicação desta no número imediatamente seguinte ou em outros números. A resenha passará pelo processo de avaliação da comissão editorial;
c) Deve se comprometer a enviar a resenha exclusivamente à Revista Cadernos de Campo, até que esta julgue a possibilidade de publicação.
Os livros a serem resenhados são:
Dramaturgias da Autonomia
Autor: Ana Lucia Marques Camargo Ferraz
Ano: 2009
Editora: Perspectiva
Número de Páginas: 256
Peregrinos do Sertão Profundo: Uma Etnografia da Música de Elomar Figueira Mello
Autor: André-Kees de Moraes Schouten
Ano: 2010
Editora: Annablume
Número de páginas: 162
Imagem-Conhecimento: Antropologia, Cinema e outros Diálogos
Autores: Andréa Barbosa, Edgar Teodoro da Cunha e Rose Satiko Gitirana Hikiji (orgs.)
Ano: 2009
Editora: Papirus
Número de páginas: 320
Carnaval em Múltiplos Planos
Autores: Maria Laura Cavalcanti e Renata Gonçalves (orgs.)
Editora: Aeroplano
Ano: 2009
Número de páginas: 360
As Jornadas Ampliadas do PETI na Bahia: A Quantas Andam?
Autor: Lúcia Álvares Pedreira (org.);
Editora: Secretaria do Desenvolvimento Social e Combate a Pobreza
Ano: 2007
Número de páginas: 102
Prêmio Territórios Quilombolas
Ministério do Desenvolvimento Agrário/ Núcleo de Estudos Agrários e Desenvolvimento Agrário Rural (MDA/NEAD)
Ano: 2007
Número de páginas: 268
Através do Mbaraka: Música, Dança e Xamanismo Guarani
Autor: Deise Lucy Oliveira Montardo
Editora: EDUSP
Ano: 2009
Número de páginas: 304
Candomblé
Autor: José Medeiros
Editora: Instituto Moreira Salles
Ano: 2009
Número de páginas: 112
Deus e o Bope na Terra do Sol
Autor: Aramis Luis Silva
Editora: Humanitas
Ano: 2009
Número de página: 270
Os interessados devem entrar em contato até 15 de junho de 2010 pelo email da revista [ cadcampo@usp.br ], informando também o endereço para o envio do livro intencionado.
Agradecemos desde já.






---


Rebeca A.A. Campos Ferreira
mestranda do Programa de Pós Graduação em Antropologia Social, USP
Comissão Editorial
Cadernos de Campo - revista dos alunos de pós-graduação em antropologia social da USP

sexta-feira, 28 de maio de 2010

RELIGARE convida

O Grupo de Pesquisa RELIGARE do Programa de Pós-Graduação em Ciências das Religiões – PPG-CR

Convida:

O Grupo Interdisciplinar de Estudos em Religiosidade – RELIGARE convida para reunião, os interessados em participar da Seleção para ingresso no PPGCR, para discussão sobre a adequação de suas propostas de trabalho às linhas de pesquisa dos professores ligados a este grupo de pesquisa.






Próximo encontro:
02/06 às 17:00
Sala de Reunião Conselho CCHLA

Projeto de Extensão Ciências Sociais Extra Muros Convida:

Projeto de Extensão Ciências Sociais Extra Muros Convida para a Primeira Palestra


Magnani na UFPB!


O CURSO DE ANTROPOLOGIA DO CAMPUS LITORAL NORTE e o PROGRAMA DE PÓS GRADUAÇÃO EM SOCIOLOGIA DA UFPB CONVIDA PARA

CONVERSA COM O PROF. DR. JOSÉ GUILHERME MAGNANI, coordenador do NÚCLEO DE ANTROPOLOGIA URBANA DA USP:

"Trajetórias da Antropologia Urbana em São Paulo".

ONDE: Campus I, João Pessoa, CCHLA, SALA 507 (PPGS)

QUANDO: DIA 1.06 (terça-feira), 9hs

Divulguem e participem.
abs
Silvana Nascimento
Antropologia/UFPB

quarta-feira, 26 de maio de 2010

Estudante africana agredida na UFPB!





A estudante de Letras da Universidade Federal da Paraíba (UFPB) Chadidjatu Cassama, 23 anos, prestou queixa, na tarde desta terça-feira, por agressão física e racismo contra Wagner da Silva Pereira, 28 anos, que oferecia serviços de cartões de crédito. A jovem é natural de Guiné Bissau, vive há três meses em João Pessoa (PB). Ela ficou internada por quase 24 horas em um hospital de emergência, em virtude de uma crise nervosa.

A confusão que envolveu Kadija e Wagner aconteceu na tarde de segunda, dentro da UFPB. Em depoimento prestado à delegada da Mulher Renata Matias, a estudante disse que se recusou a fazer um cartão de crédito oferecido por Wagner e que ele teria feito um gesto obsceno que ela desconhecia.


Ao descobrir o significado do gesto, Kadija teria ido conversar com Wagner para tomar satisfações. "Ela contou que ele teria negado o gesto, que a agrediu verbalmente e depois fisicamente com um pontapé na região do tórax", afirmou a delegada. Renata confirmou que a estudante alegou que as agressões verbais tinham conteúdo racista.

A agressão foi presenciada por diversas pessoas. Testemunhas afirmam que o vendedor teria chamado a estudante de "negra cão". Ele foi conduzido pela Polícia Militar até 4ª Delegacia, no bairro do Geisel.

A delegada Juvanira Holanda, que registrou a ocorrência, disse que não considerou o caso racismo. O incidente foi registrado como injúria e vias de fato e o acusado foi liberado.

No entanto, para o Procurador Federal Duciran Farena trata-se de um caso claro de discriminação racial. "Dizer que não há racismo em chamar o outro de 'negro-cão' ou de 'negro safado' é revelar desconhecimento da lei. Se vítima e agressor vivessem juntos, será que a delegada iria dizer que houve apenas injúria e vias de fato, para não aplicar a Lei Maria da Penha?", disse.

O Ministério Público Federal pediu oficialmente o afastamento da delegada do caso, mas o inquérito já tinha sido transferido para a Delegacia da Mulher, para onde a estudante foi levada para prestar queixa assim que deixou o hospital. Abalada, ela não quis dar declarações à imprensa. O hospital confirmou que Kadija teve crise nervosa.

Os amigos da comunidade africana também procuraram a Polícia Federal. "A PF ficou de acompanhar o caso. A primeira delegada não chegou nem mesmo a pedir um exame de corpo delito", disse o amigo da jovem Jorge Fernandes, também estudante de Guiné Bissau. Segundo ele, mais ou menos 45 alunos de países da África estudam na UFPB, mas isso nunca havia acontecido.

Ao assumir o caso, a delegada da Mulher disse que deve chamar o acusado para novo depoimento e pediu exame de corpo delito. Para ela, o trauma psicológico da agressão provocou a crise nervosa. "Vou começar a ouvir as testemunhas para esclarecer melhor o que aconteceu", afirmou Renata Matias.

Wagner Pereira garante que não teve atitude racista contra a estudante, mas confessou que errou ao chutá-la. Ele disse que houve apenas um cumprimento de mãos entre os dois e que horas depois, ela teria vindo tirar satisfação já bastante alterada. "Ela passou dez minutos correndo atrás de mim e jogando pedras, quando não aguentei mais a chutei como forma de defesa que acabou sendo uma agressão. Ela bateu e voltou, caindo em cima de mim. Depois teve uma crise nervosa", afirmou.

Wagner disse que gritou com a estudante a chamando de "doida" e não de "negra cão". "Não era para ter tomado essa proporção e por causa disso fui demitido por justa causa e vou responder a processo na polícia", disse.

Michelle Sousa
Direto de João Pessoa

Do site http://noticias.terra.com.br/brasil/noticias/0,,OI4449493-EI5030,00-Africana+diz+ter+sido+vitima+de+agressao+e+racismo+na+Paraiba.html


vídeo da notícia do jornal
http://www.paraiba1.com.br/Noticia/42184_ESTUDANTE+AFRICANA+E+HOSPITALIZADA+APOS+SER+AGREDIDA+DENTRO+DA+UFPB.html

domingo, 16 de maio de 2010

Notas Pesquisa Antropológica II - Unidade I

Teoria Antropológica II
2010.1
Monitor: George Ardilles
Professora: Flávia Pires

Notas da Unidade I

Aline 0,5
Carlos Alberto 0,5
Célia -
Celly 8,5
Clareanna 8,0
Davi -
Edilma -
Fabricia 9,5
Inocêncio -
Ivan -
Juliana -
Lennon -
Michele 9,5
Priscila -

Notas Antropologia Cultural - Avaliação Unidade II

Notas Avaliação Unidade II
Antropologia Cultural 2010.1 – CCS
Profa. Flávia Pires




Aline 9
Amanda Cavalcante 9
Amanda Dal Piva 8
Ana Elisa 10
Andressa 7
Bruna 10
Bruno 9
Bubacar 7,5
Cintia 7,5
Clediany 8
Danielle -
Elayne 10
Fellipe 9
Gabriela 9
Hylmara Rocha 7,5
Iris 7,5
Irla 7,5
Isabelle 8
Isaura 10
Jeffferson 9
Larissa Rolim 9
Larrisa Nadine 10
Lívia 9
Luciana 8
Luiz Fabrício 10
Maria Luísa 8
Mariana 8,5
Natália 10
Nathália Lígia 9
Olívia 7,5
Priscila 9
Raissa Nsensele 10
Raonil 9
Raquel Lopes 8,5

8ª edição do Prêmio Destaque do Ano na Iniciação Científica



Abertas hoje (12/5), as inscrições para a 8ª edição do Prêmio Destaque do Ano na Iniciação Científica podem ser enviadas até 27 de agosto. O objetivo é premiar bolsistas de Iniciação Científica (IC) do CNPq que se destacaram durante o ano e as instituições participantes do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Científica (PIBIC). A iniciativa é do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq/MCT), em parceria com a Academia Brasileira de Ciências (ABC) e da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC).

Na categoria B olsista de IC concorrerão os bolsistas do CNPq com pelo menos 12 meses de bolsa e que estejam em processo de renovação (2010/2011). Serão concedidas até nove premiações, distribuídas entre bolsistas das três grandes áreas do conhecimento: Ciências Exatas, da Terra e Engenharias; Ciências da Vida; e Ciências Humanas e Sociais, Letras e Artes. Os três primeiros colocados em cada área receberão quantia em espécie, sendo R$ 3,3 mil para o terceiro lugar, R$ 4,2 mil para o segundo colocado e R$ 5,1 mil para o primeiro lugar, que também receberá bolsa de Mestrado e passagem aérea com hospedagem para a participação na Reunião Anual da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), em 2011.

Na categoria Mérito Institucional, concorrerão instituições que participam do PIBIC e que tenham bolsistas inscritos no Prêmio. A premiação caberá à instituição com maior índice de egressos do PIBIC titulados na pós-graduação, em cursos reconhecidos pela CAPES. O índice de egressos será aferido pela quantificação dos ex-bolsistas que se titularam no mestrado ou doutorado. I nstituições já contempladas somente poderão ser premiadas novamente após cinco anos. Os orientadores dos bolsistas agraciados serão convidados pelo CNPq a participarem da cerimônia de entrega, que será realizada durante as comemorações da Semana Nacional de Ciência e Tecnologia e Inovação, de18 a 24 de outubro deste ano.

As inscrições devem ser individuais e encaminhadas pelos bolsistas às Pró-Reitorias de Pesquisa e Pós-Graduação, ou órgão similar, ou a Coordenação do PIBIC até o dia 13 de agosto. Os três melhores relatórios dos bolsistas de IC, um por grande área do conhecimento devem ser encaminhados pelas instituições ao CNPq, até 27 de agosto , pelo e-mail: premios@cnpq.brEste endereço de e-mail está protegido contra spambots. Você deve habilitar o JavaScript para visualizá-lo. .

A ficha de inscrição e demais informações podem ser obtidas na página do Prêmio: http://www.destaqueic.cnpq.br/. O resultado será anunciado até o dia 30 de setembro no mesmo endereço.

PRPG viabiliza tradução de artigos de alunos e professores


A PRPG disponibiliza serviço de tradução de artigos científicos produzidos por professores e alunos dos Cursos de Pós-Graduação. A solicitação deve ser encaminhada à PRPG/CGPQ por meio de formulário, preenchido e assinado pelo Coordenador do Curso. O artigo a ser traduzido deve estar em formato digital, em Word, acompanhado de dois arquivos em PDF, da mesma área e na língua para a qual será versada o texto original, em razão das especificidades dos termos técnicos.

XI Congresso Luso-Afro-Brasileiro de Ciências Sociais

A cidade de Salvador foi escolhida para abrigar, pela primeira vez, o
Congresso Luso-Afro-Brasileiro de Ciências Sociais, nos dias 12, 13 e
14 de Dezembro deste ano. O Evento, que está em sua décima primeira
edição, tem como tema as "Diversidades e (Des)Igualdades", que serão
discutidos em 22 eixos temáticos. Durante os três dias de evento,
especialistas em ciências sociais e humanidades de diversos países
estarão reunidos para debater a diversidade e a complexidade de
sociedades diferenciadas, nos mais variados aspectos, como é o caso
dos países de língua portuguesa.

A programação acadêmica acontece no campus de Ondina da UFBA, e conta
com a realização de eventos públicos e atividades culturais no centro
histórico de Salvador. O XI Congresso Luso Afro Brasileiro está sendo
organizado por um comitê composto de pesquisadores de todas as
universidades públicas da Bahia, com a coordenação do Centro de
Estudos Afro-Orientais (CEAO) da Universidade Federal da Bahia.
A última edição do evento foi realizada na cidade de Braga, em
Portugal, no ano de 2009 (04 a 07 de fevereiro), e reuniu cerca de dois mil participantes.
Para esta edição, estima-se um público ainda maior.

Para maiores informações e inscrições acesse a home page do evento:
http://www.conlab.ufba.br

quinta-feira, 13 de maio de 2010

convite palestra

TRABALHO DE CAMPO ENTRE JORNALISTAS E POLÍTICOS: reflexões e dilemas etnográficos


Profa. Dra. Silvia Nogueira (UEPB)


Dia 14 de maio ás 8:00H - Sala 402
no âmbito da disciplina Pesquisa Antropológica II, profa. Flávia Pires .


Tod@s são bem vindos!

quarta-feira, 12 de maio de 2010

segunda-feira, 10 de maio de 2010

Convite Palestra

De mulheres rurais a travestis: itinerários e reflexões sobre pesquisa de campo antropológica


Profa. Dra. Silvana de Souza Nascimento (UFPB)

Dia 11 de maio às 10:00H - Sala 402
no âmbito da disciplina Pesquisa Antropológica II, profa. Flávia Pires .


Tod@s são bem vindos!

quarta-feira, 5 de maio de 2010

João Pacheco também responde

A reportagem divulgada pelo último número da revista Veja, provocativamente intitulada “Farra da Antropologia oportunista”, acarretou uma ampla e profunda indignação entre os antropólogos, especialmente aqueles que pesquisam e trabalham com temas relacionados aos povos indígenas. Dados quantitativos inteiramente equivocados e fantasiosos (como o de que menos de 10% das terras estariam livres para usos econômicos, pois 90% estariam em mãos de indígenas, quilombolas e unidades ambientais!!!) conjugam-se à sistemática deformação da atuação dos antropólogos em processos administrativos e jurídicos relativos a definição de terras indígenas.
Afirmações como a de que laudos e perícias seriam encomendados pela FUNAI a antropólogos das ONGs e pagos em função do número de indígenas e terras “identificadas” (!) são obviamente falsas e irresponsáveis. As perícias são contratações realizadas pelos juízes visando subsidiar técnica e cientificamente os casos em exame, como quaisquer out ras perícias usuais em procedimentos legais. Para isto o juiz seleciona currículos e se apóia na experiência da PGR e em consultas a ABA para a indicação de profissionais habilitados. Quando a FUNAI seleciona antropólogos para trabalhos antropológicos o faz seguindo os procedimentos e cautelas da administração pública. Os profissionais que realizam tais tarefas foram todos formados e treinados nas universidades e programas de pós-graduação existentes no país, como parte integrante do sistema brasileiro de ciência e tecnologia. A imagem que a reportagem tenta criar da política indigenista como uma verdadeira terra de ninguém, ao sabor do arbítrio e das negociatas, é um absurdo completo e tem apenas por finalidade deslegitimar o direito de coletividades anteriormente subalternizadas e marginalizadas.
Não há qualquer esforço em ser analítico, em ouvir os argumentos dos que ali foram violentamente criticados e ridicularizados. A maneira insultuosa com que são referidas diver sas lideranças indígenas e quilombolas, bem como truncadas as suas declarações, também surpreende e causa revolta. Subtítulos como “os novos canibais”, “macumbeiros de cocar”, “teatrinho na praia”, “made in Paraguai”, “os carambolas”, explicitam o desprezo e o preconceito com que foram tratadas tais pessoas. Enquanto nas criticas aos antropólogos raramente são mencionados nomes (possivelmente para não gerar demandas por direito de resposta), para os indígenas o tratamento ultrajante é na maioria das vezes individualizado e a pessoa agredida abertamente identificada. Algumas vezes até isto vem acompanhado de foto.
A linguagem utilizada é unicamente acusatória, servindo-se extensamente da chacota, da difamação e do desrespeito. As diversas situações abordadas foram tratadas com extrema superficialidade, as descrições de fatos assim como a colocação de adjetivos ocorreram sempre de modo totalmente genérico e descontextualizado, sem qualquer indicação de fontes. Um dos antropólogos citado como supostamente endossando o ponto de vista dos autores da reportagem afirmou taxativamente que não concorda e jamais disse o que a revista lhe atribuiu, considerando a matéria “repugnante”. O outro, que foi presidente da FUNAI por 4 anos, critica duramente a matéria e destaca igualmente que a citação dele feita corresponde a “uma frase impronunciada” e de “sentido desvirtuante” de sua própria visão. Como comenta ironicamente o jornalista Luciano Martins Costa, na edição de 03-05-2010 do Observatório da Imprensa, “Veja acaba de inventar a reserva de frases manipuladas”.
A agressão sofrida pelos antropólogos não é de maneira alguma nova nem os personagens envolvidos são desconhecidos. Um breve sobrevôo dos últimos anos evidencia isto. O antropólogo Stephen Baines em 2006 concedeu uma longa entrevista a Veja sobre os índios Waimiri-Atroari, população sobre a qual escrevera anos antes sua tese de doutoramento. A matéria não saiu, mas poucos meses depois, uma reportagem intitulada “Os Falsos Índios”, publicada em 29 de março de 2006, defendendo claramente os interesses das grandes mineradoras e empresas hidroelétricas em terras indígenas, inverteu de maneira grosseira as declarações do antropólogo (pg. 87). Apesar dos insistentes pedidos do antropólogo para retificação, sua carta de esclarecimento jamais foi publicada pela revista. O autor da entrevista não publicada e da reportagem era o Sr. Leonardo Coutinho, um dos autores da matéria divulgada na última semana pelo mesmo meio de comunicação.
Em 14-03-2007, na edição 1999, entre as pgs. 56 e 58, uma nova invectiva contra os indígenas foi realizada pela Veja, agora visando o povo Guarani e tendo como título “Made in Paraguai - A FUNAI tenta demarcar área de Santa Catarina para índios paraguaios, enquanto os do Brasil morrem de fome". O autor era José Edward, parceiro de Leonardo Coutinho, na matéria citada no parágrafo anterior. Curiosamente um subtítulo foi repetido na matéria da semana passada - "Made In Paraguay”. O então presidente da ABA, Luis Roberto Cardoso de Oliveira, solicitou o direito de resposta e encaminhou um texto à revista, que nem sequer lhe respondeu.
Poucos meses depois a revista Veja, em sua edição 2021, voltou à carga com grande sensacionalismo. A matéria de 15-08-2007 era intitulada “Crimes na Floresta – Muitas tribos brasileiras ainda matam crianças e a FUNAI nada faz para impedir o infanticídio” (pgs. 104-106). O subtítulo diz explicitamente que o infanticídio não teria sido abandonado pelos indígenas em razão do “apoio de antropólogos e a tolerância da FUNAI." A matéria novamente foi assinada pelo mesmo Leonardo Coutinho. Novamente o protesto da ABA foi ignorado pela revista e pode circular apenas através do site da entidade.
Em suma, jornalismo opinativo não pode significar um exercício impune da mentira nem práticas sistemáticas de detratação sem admissão de di reito de resposta. O mérito de uma opinião decorre de informação qualificada, de isenção e equilíbrio. Ao menos no que concerne aos indígenas as matérias elaboradas pela Veja, apenas requentam informações velhas, descontextualizadas e superficiais, assumindo as características de uma campanha, orquestrada sempre pelos mesmos figurantes, que procuram pela reiteração inculcar posturas preconceituosas na opinião pública.
No acima citado comentário do Observatório da Imprensa o jornalista Luciano Martins Costa aprendeu muito bem e expôs sinteticamente o argumento central da revista no que concerne a assuntos indígenas: “A revista afirma que existe uma organização altamente articulada que se dedica a congelar grandes fatias do território nacional, formada por organizações não governamentais e apoiada por antropólogos. Essa suposta "indústria da demarcação" seria a grande ameaça ao futuro do Brasil.” Este é o argumento constante que reúne não só a matéria da semana passada, ma s as intervenções anteriores da revista sobre o tema. Os elos de continuidade fazem lembrar uma verdadeira campanha.
Numa análise minuciosa desta revista, realizada em seu site, o jornalista Luis Nassif fala de uma perigosa proximidade entre lobistas e repórteres nas revistas classificadas como do estilo “neocon”. A presença de “reporteres de dossier” é uma outra característica deste tipo de revista. À luz destes comentários caberia atentar para a lista de situações onde a condição de indígenas é sistematicamente questionada pela revista. Aí aparecem os Anacés, que vivem no município de São Gonçalo do Amarante (onde está o porto de Pecem, no Ceará); os Guarani-M’bià, confrontados por uma proposta do mega-investidor Eike Batista de construção de um grande porto em Peruíbe, São Paulo; e os mesmos Guaranis de Morro dos Cavalos (SC), que lutam contra interesses poderosos, sendo qualificados como “paraguaios” (tal como, aliás, os seus parentes Kayowá e Nandevá do Mato G rosso do Sul, em confronto com o agro-negócio pelo reconhecimento de suas terras).
Como o objetivo último é enfraquecer os direitos indígenas (que naturalmente se materializam em disputas concretas muitas vezes com poderosos interesses privados), os alvos centrais destes ataques tornam-se os antropólogos, os líderes indígenas e os seus aliados (a matéria cita o Conselho Indigenista Missionário/CIMI por várias vezes e sempre de forma igualmente desrespeitosa e inadequada).
É neste sentido que a CAI vem expressar sua posição quanto a necessidade de uma responsabilização legal dos praticantes de tal jornalismo, processando-os por danos morais e difamação. Neste momento a Presidência da ABA, está em conjunto com seus assessores no campo jurídico, visando definir a estratégia processual de intervenção a seguir.
Dada a assimetria de recursos existentes, contamos com a mobilização dos antropólogos e de todos que se preocupam com a defesa dos direitos indígenas para , através de sites, listas na Internet, discussões e publicações variadas, vir a contribuir para o esclarecimento da opinião pública, anulando a ação nefasta das matérias mentirosas acima mencionadas. Que não devem ser vistas como episódios isolados, mas como manifestações de um poder abusivo que pretende inviabilizar o cumprimento de direitos constitucionais, abafando as vozes das coletividades subalternizadas e cerceando o livre debate e a reflexão dos cidadãos. No que toca aos indígenas em especial a Veja tem exercitado com inteira impunidade o direito de desinformar a opinião pública, realimentar velhos estigmas e preconceitos, e inculcar argumentos de encomenda que não resistem a qualquer exame ou discussão.
João Pacheco de Oliveira
Coordenador da Comissão de Assuntos Indígenas/CAI

Nota da Diretoria da ABA sobre matéria publicada pela revista Veja

Nota da Diretoria da ABA sobre matéria publicada pela revista Veja (Veja ano 43 nº 18, de 05/05/2010)


Frente á publicação de matéria intitulada "A farra da antropologia oportunista" (Veja ano 43 nº 18, de 05/05/2010), a diretoria da Associação Brasileira de Antropologia (ABA), em nome de seus associados, clama pelo exercício de jornalismo responsável, exigindo respeito à atuação profissional do quadro de antropólogos disponível no Brasil, formados pelos mais rigorosos cânones científicos e regidos por estritas diretrizes éticas, teóricas, epistemológicas e metodológicas, reconhecidas internacionalmente e avaliadas por pares da mais elevada estatura cientifica, bem como por autoridades de áreas afins. A ABA reserva-se ao direito de exigir dos editores da revista semanal Veja que publique matéria em desagravo pelo desrespeito generalizado aos profissionais e acadêmicos da área.

http://www.abant.org.br/



http://www.abant.org.br/conteudo/002PRINCIPAL/Documento01_Veja.pdf

terça-feira, 4 de maio de 2010

Texto da Veja

http://veja.abril.com.br/050510/farra-antropologia-oportunista-p-154.shtml

Viveiros de Castro e a Veja - capítulo II

Réplica à confissão de fraude de Veja

Aos Editores da revista Veja:

Em resposta à mensagem que enviei à revista Veja no dia 01/05, denunciando a imputação fraudulenta de declarações que me é feita na matéria "A farra da antropologia oportunista" , o site Veja.com traz ontem uma resposta com o título "No Brasil, todo mundo é índio, exceto quem não é". Ali, os responsáveis pela revista, ou pela resposta, ou, pelo jeito, por coisa nenhuma, reincidem na manipulação e na mentira; pior, confessam cinicamente que fabricaram a declaração a mim atribuída.

Em minha carta de protesto inicial, sublinhei dois pontos: "(1) que nunca tive qualquer espécie de contato com os responsáveis pela matéria; (2) que não pronunciei em qualquer ocasião, ou publiquei em qualquer veículo, reflexão tão grotesca, no conteúdo como na forma".

Veja contesta estes pontos com os seguintes argumentos:

(1) "Sua primeira afirmação não condiz com a verdade. No início de março, VEJA fez contato com Viveiros de Castro por intermédio da assessoria de imprensa do Museu Nacional do Rio de Janeiro, onde ele trabalha. Por meio da assessoria, Viveiros de Castro recomendou a leitura de um artigo seu intitulado "No Brasil todo mundo é índio, exceto quem não é", que expressaria sua opinião de forma sistematizada e autorizou VEJA a usar o texto na reportagem de uma maneira sintética."

Respondo: é falso. A Assessoria de Imprensa do Museu Nacional telefonou-me, talvez no início de março (não acredito mais em nada do que a Veja afirma), perguntando se receberia repórteres da mal-conceituada revista, a propósito de uma matéria que estariam preparando sobre a situação dos índios no Brasil. Respondi que não pretendia sofrer qualquer espécie de contato com esses profissionais, visto que tenho a revista em baixíssima estima e péssima consideração. Esclareci à Assessoria do Museu que eu tinha diversos textos publicados sobre o assunto, cuja consulta e citação é, portanto, livre, e que assim os repórteres, com o perdão da expressão, que se virassem. Não "recomendei a leitura" de nada em particular; e mesmo que o tivesse feito, não poderia ter "autorizado Veja" a usar o texto, simplesmente porque um autor não tem tal poder sobre trabalhos seus já publicados. Quanto à curiosa noção de que eu autorizei a revista, em particular, a "usar de maneira sintética" esse texto, observo que, além de isso "não condizer com a verdade", certamente não é o caso que esse poder de síntese de que a Veja se acha imbuída inclua a atribuição de sentenças que não só se encontram no texto em questão, como são, ao contrário e justamente, contraditas cabalmente por ele. A matéria de Veja cita, entre aspas, duas frases que formam um argumento único, o qual jamais foi enunciado por mim. Cito, para memória, a atribuição imaginária: "Não basta dizer que é índio para se transformar em um deles. Só é índio quem nasce, cresce e vive num ambiente cultural original" . Com isso, a revista induz maliciosamente o leitor a pensar que (1) a declaração foi dada de viva voz aos repórteres; (2) ela reproduz literalmente algo que disse. Duas grosseiras inverdades.

Veja contesta o segundo ponto com o argumento:

(2) "Também não condiz com a verdade a afirmação feita por Viveiros de Castro no item (2) de sua carta. A frase publicada por VEJA espelha opinião escrita mais de uma vez em seu texto ("Não é qualquer um; e não basta achar ou dizer; só é índio, como eu disse, quem se garante" e "pode-se dizer que ser índio é como aquilo que Lacan dizia sobre ser louco: não o é quem quer. Nem quem simplesmente o diz. Pois só é índio quem se garante")." Ato contínuo, a revista dá o texto na íntegra, repetindo que eu a autorizei a usar o texto "da forma que bem entendesse".

(Veja o link para meu texto: http://pib.socioamb iental.org/ files/file/ PIB_instituciona l/No_Brasil_ todo_mundo_ %C3%A9_%C3% ADndio.pdf).

Pela ordem. Em primeiro lugar, essa resposta da revista fez desaparecer, como num passe de mágica, a frase propriamente afirmativa de minha suposta declaração, a saber, a segunda (Só é índio quem nasce, cresce e vive em um ambiente cultural original"), visto que a primeira (Não basta dizer que é índio etc.) permanece uma mera obviedade, se não for completada por um raciocínio substantivo. Ora, o raciocínio substantivo exposto em meu texto está nas antípodas daquele que Veja falsamente me atribui. A afirmação de Veja de que eu a autorizara a "usar" o texto da forma que ela "bem entendesse" parece assim significar, para os responsáveis (ou não) pela revista, que ela poderia fabricar declarações absurdas e depois dizer que "sintetizavam" o texto. Esse arrogamente "da forma que bem entendesse" não pode incluir um fazer-se de desentendido da parte da Veja.

Reitero que a revista fabricou descaradamente a declaração "Só é indio quem nasce, cresce e vive em um ambiente cultural original". Se o leitor tiver o trabalho de ler na íntegra a entrevista reproduzida em Veja.com, verá que eu digo exatamente o contrário, a saber, que é impossível de um ponto de vista antropológico (ou qualquer outro) determinar condições necessárias para alguém (uma pessoa ou uma coletivdade) "ser índio". A frase falsa de Veja põe em minha boca precisamente uma condição necessária, e, ademais, absurda. Em meu texto sustento, ao contrário e positivamente, que é perfeitamente possível especificar diversas condições suficientes para se assumir uma identidade indígena. Talvez os responsáveis pela matéria não conheçam a diferença entre condições necessárias e condições suficientes. Que voltem aos bancos da escola.

A afirmação "só é índio quem nasce, cresce e vive em um ambiente cultural original" é, repito, grotesca. Nenhum antropólogo que se respeite a pronunciaria. Primeiro, porque ela enuncia uma condição impossível (o contrário de uma condição necessária, portanto!) no mundo humano atual; impossível, na verdade, desde que o mundo é mundo. Não existem "ambientes culturais originais"; as culturas estão constantemente em transformação interna e em comunicação externa, e os dois processos são, via de regra, intimamente correlacionados. Não existe instrumento científico capaz de detectar quando uma cultura deixa de ser "original", nem quando um povo deixa de ser indígena. (E quando será que uma cultura começa a ser original? E quando é que um povo começa a ser indígena?). Ninguém vive no ambiente cultural onde nasceu. Em segundo lugar, o "ambiente cultural original" dos índios, admitindo-se que tal entidade exista, foi destruido meticulosamente durante cinco séculos, por epidemias, massacres, escravização, catequese e destruição ambiental. A seguirmos essa linha de raciocínio, não haveria mais índios no Brasil. Talvez seja isso que Veja queria dizer. Em terceiro lugar, a revista parte do pressuposto inteiramente injustificado de que "ser índio" é algo que remete ao passado; algo que só se pode ou continuar (a duras penas) a ser, ou deixar de ser. A idéia de que uma coletividade possa voltar a ser índia é propriamente impensável pelos autores da matéria e seus mentores intelectuais. Mas como eu lembro em minha entrevista original deturpada por Veja, os bárbaros europeus da Idade Média voltaram a ser romanos e gregos ali pelo século XIV -- só que isso se chamou "Renascimento" e não "farra de antropólogos oportunistas" . Como diz Marshall Sahlins, o antropólogo de onde tirei a analogia, alguns povos têm toda a sorte do mundo.

E o Brasil, será que temos toda a sorte do mundo? Será que o Brasil algum dia vai se tornar mesmo um grande Estados Unidos, como quer a Veja ? Será que teremos de viver em um ambiente cultural que não é aquele onde nascemos e crescemos? (Eu cresci durante a ditadura; Deus me livre desse ambiente cultural). Será que vamos deixar de ser brasileiros? Aliás, qual era mesmo nosso ambiente cultural original?

Grato mais uma vez pela atenção

Eduardo Viveiros de Castro
antropólogo - UFRJ